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há momentos em que não faz sentido estar aqui sentada, na beirinha da minha lua, no alto de um céu estrelado...

olho para baixo, para o infinito, por entre os meus pézinhos, por entre uns sapatinhos vermelhos magicamente cobertos por purpurina...

será que consigo saltar daqui?...





lá em baixo por muito que salte, para onde quer que eu salte, qual seja a intensidade e altura adquiridas... existe sempre uma força que me atrai para o centro daquele estranho planeta...

será que é tão forte...tão intensa, tão deliciosamente poderosa que me atrai também daqui, deste meu cantinho lunar!?

no mundo encantado da lua

que giro...parar para ver as voltas que o mundo dá, parece um pouco cliché!

mas sim, ele gira mesmo! e nós vamos atrás, com ele.também vamos rodando, também sentimos as voltas, muitas das vezes só temos consciência quando já passaram muitas voltas, quando muito mudou...e depois há coisas que não mudam, sejam quantas forem as voltas, a que velocidade, em que sentido...

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gosto de me deitar a olhar o céu, a ver a ondulação das nuvens, o seu percurso estranho...são levadas com o vento... fecho os olhos e sigo-as no meu pensamento, deixo-me levar com elas...

e existem os movimentos imaginários, quando sentimos o chão a fugir-nos dos pés, quando o nosso corpo adormece e tudo diante de nós parece mover-se a velocidades diferentes, em dimensões, espaços, mundos distantes...

tão estranho... penso sempre que fiquei parada em qualquer lugar, não sei bem onde, não sei quando...mas este estranho mundo leva-me, arrasta-me...obriga-me a mexer.

...desapareceu a luz.

estou tão cansada.

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ano novo...vida nova, já diziam os antigos sempre que se vislumbrava a chegada de mais um janeiro...

ano novo!

um ano inteirinho! novo, novinho em folha! por estrear, com mil oportunidades desconhecidas, 365 dias, 12 meses, uma quantidade fantástica de domingos, de sábados, de sextas feiras à noite...mais um verão, uma primavera...um novo começo...

fico asfixiada em angústia e uma certa melancolia quando se aproxima a passagem de ano e toda a alegria de ter mais uma, outra, oportunidade de viver...

dias a fio para se fazer o que se quiser, para errar, errar novamente, tentar com mais fé, com maior empenho, experimentar, arriscar... rir, cair da cadeira com gargalhadas inexplicáveis, tropeçar na pedra do passeio que persiste ao longo de anos mas onde arranjo sempre maneira de colocar o pé... chorar, chorar como se chora pela primeira vez, aos soluços, assustada, sem saber respirar, chorar...

365 dias, 8760 horas, 525600 minutos, 31536000 segundos em que posso escolher o que fazer, como fazer, repetir milhares de vezes...

e são exactamente os mesmos dias com as mesmas horas, em que cada minuto tem precisamente o mesmo número de segundos do ano que passou.

Então páro para pensar, páro para sentir, choro, quantos foram os dias que desperdicei, as horas, os minutos, os momentos e oportunidades que um ano antes sentia como um novo começo...

sou invadida, atrofiada, asfixiada pelo meu próprio respirar, quando me atravessa o pensamento uma, outra, perco a conta...deixo que persista em todos os instantes: é igual!, não mudam os dias, não mudam as oportunidades, o medo não desaparece, não fica mais fácil respirar.

é só mais um...cheio de promessas que inconscientemente tenciono desperdiçar...

sonhos, milagres, vontades, desejos que me invadem a alma, me perseguem o espírito, que anseio concretizar que penso, que sinto, que guardo em mim a certeza que: sim! este ano vai ser diferente este ano vou ser feliz, vou ser mais, fazer mais, este ano vou voar, vou amar, chorar de tanto rir, rir de mim, rir dos outros, rir com eles, chorar sozinha, gritar ao mundo que te amo, gritar!

gritar, descobrir, revelar o que aprisiono em mim... acender-me em pura loucura

viver...

ousar arriscar