Thursday, February 22, 2007

na vida há coisas assim...


Chegavam ao pé de ti, de mansinho, num silêncio tão silencioso que era impossível ouvir-se...
dizendo-te em segredo que poderias mudar... que tinhas mais uma oportunidade! que te ofereciam este novo momento em que poderias fazer o que quisesses, viver novamente e a uma intensidade arrebatadora...

diziam-te que acreditavam em ti, que acreditavam que podias fazer melhor, fazer mais, ser melhor, ser mais, ser ainda mais feliz, ser feliz!

pegavam-te pelo tronco embalando-te como o mar embala as ondas e sussurando confessavam-te como as coisas podiam ser diferentes, como tinhas este momento novo, novinho em folha, por estrear para mudares, viveres o que e como quisesses....

colocavam-te novamente no chão, seguias com o calmo embalo e de pé te erguias... por dentro havia sentimento estranho, um rol de pequenas fracções de qualquer coisa... inexplicáveis, sem nexo, um turbilhão de ti! e persistia uma vontade única de viver, simplesmente viver, independentemente do resultado!
Tinha-te sido oferecido o que todos desejam, uma nova oportunidade!

e basta esticar o braço, estender bem a mão, deixar poisar... deixar viver...
só falta a p r o v e i t a r . . .

Friday, February 16, 2007

A força dos bailarinos...



rodopiando... e girando...
Eles rodam e rodam e giram! Perdem a noção de onde estão, do que são... até se separarem dos seus corpos, libertam o que lá dentro os habita e esquecem o que é viver contido, confinado a um pequeno espaço... a um corpinho frágil.

e rodam, rodam e rodam... e saltam e caem, e elevam-se! girando, rodopiam... são livres, num grito silencioso que sai pela pontinha dos pés, pelos braços estendidos em forma de palavras, pelo tronco fléxivel... pela expressão muda dos olhos, pelo sofrimento dos músculos...

bailarinos...

Tuesday, February 13, 2007

Liberdade...




Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...


Fernando Pessoa



*

Sunday, February 11, 2007

Num deserto de nada!


aqui sentada, ou de pé, no limite da minha lua, sei que em nada me comparo a um pequenito príncipe e que não possuo nenhum planeta, satélite ou coisa vagamente parecida...

hoje tentei realmente elevar a pontinha dos meus pés, planar, voar por uns instantes... na verdade tentava que a minha alma deixasse de tocar este mundo!

sinto que nestes últimos tempos as palavras fluem-me dos dedos e não desta"coisa" interior a que alguns gostam de chamar de alma, como eu, ou de espiríto... ou de coisa alguma!

não consegui voar como queria... e queria apenas uns poucos mas sinceros momentos de felicidade... uma tranquilidade, serenidade ou calma há muito desejada e que teima em não aparecer, ou quando aparece é tão veloz que nos foge pelos dedos, assim como as palavrinhas, as frases, os pensamentos e os sentimentos me fogem...

não percebo se os deixo fugir, se quero que fujam, ou se fogem simplesmente... provavelmente não se deixam apanhar.

reflicto em vão... porque afinal sou eu quem foge!

é triste querer ver mesmo sabendo que temos os olhos fechados... mais grave é não querer abri-los!

*

Wednesday, February 7, 2007

Eu e a minha Lua


quantas mentiras vos conto aqui...

é verdade que gostava de estar sentadinha na beira de uma lua, mas uma lua só minha...

quase como o planeta do Petit Prince, como ele, queria ter uma lua minha, só minha, onde pudesse ver o pôr do sol mais de mil vezes se só bastasse mudar a minha cadeira ora um pouco para a esquerda ora mais um pouquinho para a direita... e permanecer por lá, daquele meu alto, a olhar a terra e toda a sua vida, com as suas pessoinhas, atarefadas nos seus afazeres... creio que como o principezinho chegar-me-ia um dia o aborrecimento e a solidão tais, que quereria conhecer, no meu caso, outras luas... com outras pessoas donas dos seus pequeninos satélites...
mas mesmo assim poderia dizer que tinha uma lua que me pertencia, onde podia ficar sentada na beirinha, no centro, ficar de pé, a fazer o pino... sentada a contar as estrelas, ou só ficar sentada a contemplar a minha lua, a sua pequenez que me aparecia como tão grande, tão minha... tão linda a minha lua... no altinho do nada, sozinha e feliz, iluminada por mil sóis...

companheira da minha solidão!

suspiro...
era bom que se pudesse apanhar um expresso lunar, que parasse mesmo à entrada das nossas almas e nos guiasse até uma lua próxima, calma, segura, uma lua só nossa!

poder libertar por puros instantes a pontinha dos pés e navegar pelo infinito...

*

Olhando o infinito...


... andava tão perdida, que perdi até o antigo blogue... perdi pelo meio deste turbilhão de ideias, que me atravessam os olhos e a mente, as palavrinhas chave, os nomes, esqueci o que me ligava ao " confissões de uma vida por viver"...

para recordar-vos que ainda não me perdi por completo... apenas decidi sentar-me bem à beirinha daquele satélite que nos contempla todas as noites... e lá permanecer por momentos, olhando para baixo, para toda a confusão que se aí vive...

a vista é bem bonita daqui... especialmente se se olhar para cima!

beijinhos marisinha*

até breve...